A maioria dos hóspedes do Hotel Bellevue nem sabe que o quarto 303 existe.
Ele não aparece no site, nem é entregue pelas recepcionistas. Fica no fim de um corredor lateral, atrás de uma porta sem numeração. Uma funcionária nova, ansiosa para agradar, o ofereceu a um hóspede numa noite chuvosa. Ela nunca mais apareceu para trabalhar — e o hóspede… bem, ele também nunca foi visto novamente.
A gerente dizia que foi um erro no sistema. Os outros fingiam não ouvir. Mas todas as noites, exatamente às 3h03, o telefone da recepção tocava. E desligava sozinho.
Felipe era cético. Tinha lido as histórias online, comentários espalhados por fóruns obscuros, relatos de “vultos na janela” e “choro abafado vindo da parede”. Tudo clichê.
Por isso, reservou o quarto de propósito.
Ao chegar, foi recebido com silêncio. O elevador não parava no andar. Subiu pelas escadas, sentindo o ar gelar a cada degrau. A chave que recebeu não abria nenhuma porta — exceto uma, sem número, no fim do corredor esquerdo.
O quarto era comum: cama, guarda-roupa, espelho grande. Sem nada estranho. Felipe riu sozinho. Instalou o tripé, ligou o celular para gravar a “aventura” e se jogou na cama.
Às 3h02, a lâmpada começou a piscar.
Às 3h03, o telefone do quarto tocou.
Ele atendeu.
— Você está vendo agora… — disse uma voz sussurrante.
Felipe olhou para o espelho à frente da cama.
Ele estava sozinho…
Mas no reflexo, alguém estava de pé atrás dele.
O vídeo foi encontrado dias depois, ainda gravando, apontado para a cama vazia.
O quarto 303 voltou a ser trancado. Mas o telefone da recepção…
Ainda toca.
Sempre às 3h03.
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